Ao incorporar o “irmãozinho” a ninfa deu um
berro gerando um alvoroço completo. O Doutrinador, um recém emplacado, quase
caiu por cima do Preto Velho que atendia no Trono atrás dele. O paciente, pela
primeira vez no Templo, não sabia se escondia-se debaixo do Trono ou corria.
Até o Comandante, meio distraído, deu um pulo gritando: Salve Deus!
Quem já presenciou uma cena destas? Eu mesmo e
tenho certeza, que infelizmente, muitos outros Mestres e Ninfas.
Vamos deixar de lado, hoje, todos os demais
efeitos da falta de sintonia da Ninfa, afinal, em sintonia, nunca recebemos
qualquer energia a qual não tenhamos total e absoluta segurança para manipular,
dentro das leis do amanhecer, que preveem, elegância e total respeito na incorporação.
Pensemos exclusivamente no terror do jovem
Doutrinador! Dando seus primeiros passos na Doutrina, cheio de energia, mas com
a insegurança natural de quem compreende a responsabilidade de um atendimento
nos Tronos. Disposto a trabalhar, lutando para vencer a timidez em realizar um
convite para uma Centuriã, e quando chega na hora do trabalho passa por uma
situação vexatória destas.
Insisto no termo vexatória porque ele vira o
centro de atenção de todos, que acompanham sua doutrina para ver se o espírito
“sobe” e a ninfa deixa de querer aparecer. A doutrina mal sai da boca, as
palavras se desordenam na mente, a boca seca e parece que não termina nunca! E
sabe que nem pode tentar terminar rápido, pois com certeza o “espírito” não vai
querer subir com pouca conversa. Todos olhando... E ele só pensando: se um dia
voltar para os Tronos nunca mais volto com esta ninfa!
Outros medos também assombram o Doutrinador
iniciante, mas nos Tronos, a maioria é decorrente da própria má formação dos
Aparás.
Vejamos:
A Entidade começa a falar com o paciente, e com
o barulho do Templo ele não consegue ouvir. Bem, ele pensa: Sei que aí está uma
Entidade de Luz, este Apará é conhecido, então está tudo bem! Me proteja meu
Pai! Certo? ERRADO!!! Um Doutrinador não pode atender um
paciente sem ouvir claramente a comunicação! Vou repetir: Não pode
atender nenhum paciente sem saber exatamente o que está sendo dito ali! É sua
responsabilidade, tem que ouvir! Falo de minha experiência pessoal,
quando não escuto, pode ser minha Ninfa, em quem tenho total confiança e pelos
anos de trabalho sinto claramente qualquer alteração energética, se não escuto,
abaixo a cabeça perto do ouvido do Apará e digo bem baixinho: “Salve
Deus Vovó! Hoje o Templo está um pouco barulhento, a senhora poderia falar um
pouquinho mais alto?” Qual Entidade de Luz vai ficar “chateada” com
isso? A Entidade jamais!
Outro ponto, às vezes sentimos claramente que a
energia mudou, é possível que outra entidade tenha se aproximado para atender
um paciente especificamente. Então o correto é não ter dúvidas! Com muito
carinho e respeito, baixinho e com elegância para não chamar a atenção: “Salve
Deus! Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, quem está presente neste aparelho?” Muitas
vezes o próprio Apará tinha sentido uma mudança de energia, e esta simples
pergunta vai dar a ele a certeza que precisa. Se conseguir se identificar sem
problemas, graças a Deus! E também pode acontecer, de neste instante, o Apará
não tendo a segurança, mas reconhecendo a mudança, simplesmente dá passagem.
Às vezes incorpora um Caboclo nos Tronos e se
age como se nada de anormal tivesse passado. Salve Deus! Qualquer entidade,
para trabalhar no Vale, tem que ser identificada e apresentada ao paciente,
antes de dar qualquer passe. Sim, houve a mudança, necessária por vezes, mas
antes da Entidade poder atender, o Doutrinador tem a obrigação de
identificá-la.
O Doutrinador só pode trabalhar em segurança
total e sem dúvidas, senão não é Doutrinador, é um robozinho, como dizia Tia
Neiva.
Não havendo sintonia, segurança ou tendo
qualquer tipo de dúvidas, senta-se após o paciente sair e com toda delicadeza
diz: “Salve Deus Vovó, que trabalho maravilhoso! Gostaria de ter outras
oportunidades de trabalhar com a senhora, mas agora preciso sair um pouco dos
Tronos”. Não é uma mentira, ou subterfúgio! É a mais clara realidade. Todos nós
almejamos a honra de trabalhar com uma Entidade de Luz. Se naquele momento a
sintonia não está bem, não é por culpa da Entidade, é uma falha nossa ou do
Apará. Falando desta forma é simples! Sem mágoas, sem comentários posteriores,
nada. Somente o bom senso e educação! É melhor deixar um paciente
esperando mais tempo para ser atendido, do que ser atendido em um Trono onde
algum médium possa estar em dúvidas.
Lembremos sempre que a vida de uma pessoa nos é
confiada naquele momento. Existem os que chegam aos Tronos como última
esperança, a beira do suicídio mesmo!
Mestre, tem uma fila de pacientes gigante e me
deu dor de cabeça, dor de barriga, ou simplesmente a bexiga quer estourar, o
que eu faço?
“Salve Deus! Minha querida vovozinha, gostaria
muito de poder continuar esta grande oportunidade, mas tenho uma necessidade
física neste momento, podemos encerrar nosso trabalho?”
Mestre, e naquela primeira situação? Uma
incorporação escandalosa dando socos, gritos e mensagens pessoais... Que que eu
faço se acontecer comigo?
Assim que terminar o atendimento, encerre o
trabalho! Sentindo que o paciente ficou assustado e não está saindo melhor do
que chegou, faça sinal ao Comandante e discretamente peça para
que ele encaminhe o paciente a outro Trono. Em seguida, sente-se e encerre seu
trabalho.
Trabalhar nos Tronos é muito sério para os dois,
mas a responsabilidade é do Doutrinador!
Para os Aparás... É compreensível que chegue um
irmãozinho querendo gritar, socar o Trono, dizer impropérios. Isso acontece com
frequência, mas o controle da incorporação é do médium. Para isso é que está
consciente! Demonstração de força não é ceder aos impulsos e se harmonizar com
a entidade sofredora. E sim saber controlar-se e buscar a sintonia do seu
Mentor.
Para um Apará trabalhar nos Tronos, tem que ter
Equilíbrio! Para um Doutrinador trabalhar, tem que ter segurança. Não pode
trabalhar em dúvidas, repito novamente.
Salve Deus! Enquanto o médium ainda não é
Centurião, podemos orientar, ou pedir aos Instrutores que o procurem e
orientem. Depois de Centurião, todo seu comportamento é de sua total
responsabilidade.
Tia Neiva foi clara nos dois pontos a esse
respeito: A responsabilidade dos Tronos é do Doutrinador e o comportamento do
Apará é de sua própria sentença. Ele tem que estar em sintonia com sua
Entidade, e não com o irmãozinho que chega aos Tronos.
Mestre Kazagrande – Adjunto Anavo