Durante muito tempo eu avaliei mal a questão da depressão.
Sempre achei que era “muita frescura”... Faço aqui um “mea culpa”, eu estava
errado!
Para quem nunca esteve uma UTI (e espero que nunca vá para
uma) vou explicar um pouco: Você entra sem nada. Mas nada mesmo! Sem nenhuma
roupa, sem celular, sem livro, sem chocolate escondido, nada! Na minha vez
estava um frio infeliz e ganhei três cobertores “corta-febre” e uma fralda!
Eitaaaa... Uma fralda??? Isso mesmo!
Espartano de fralda! Só meus Mentores mesmo para “testar” a humildade nesta
hora... rsrsrs
Bem, na UTI, sem nada, nem ninguém, coberto de fios que
levam a uma máquina com um bip, bip, bip, enlouquecedor, resta apenas olhar um
cruel relógio pendurado na parede, onde cada hora possui uns mil minutos, e...
observar as pessoas!!
Observar os outros, igualmente merecedores da mesma lição,
mas talvez por motivos diversos, gera uma oportunidade inigualável de
aprendizado (existem outras lições, para outros textos), mas, para mim, a
primeira foi a respeito da depressão!
É muito fácil deprimir-se neste tipo de ambiente. A solidão,
as horas lentas, a insegurança, a ausência de definições e a absoluta falta de
controle de qualquer situação, leva muitas pessoas a criar realidades ainda
maiores que o sofrimento físico a qual estão expostas. Vi surtos de imaginação,
de fantasias e de dor. Vi familiares esforçando-se em um curto horário de
visitas para aliviar a mente deturpada de pacientes terminais, ou sem qualquer
previsão de alta médica. Vi aqueles que mergulhavam em devaneios e sofriam
verdadeiramente com ilusões muito maiores que suas reais condições médicas.
Poderia relatar casos, como o do paciente que “alucinou” que
havia um churrasco nos fundos da UTI e que passaram com um espeto de
costela...rsrsrs, mas prefiro deixar um pouco de lado o bom humor e tratar com
mais seriedade o assunto.
A depressão é uma doença e não existe opinião desse mundo que
possa mudar esse fato científico. Portanto a depressão não é fraqueza, falta do
que fazer, frescura, desânimo ou qualquer outra coisa que você infelizmente já
tenha ouvido falar por aí. Existem muitos preconceitos quanto à essa doença e
muita desinformação que fundamenta esses preconceitos.
Como doença a depressão se difere das outras por não possuir
um agente direto de causa, ao menos não na esmagadora maioria das vezes. Ou
seja, não existe um alvo que possa ser atacado e cuja eliminação levaria ao bem-estar,
como uma bactéria ou vírus. Porém a realidade demonstra que a depressão provoca
alterações emocionais, comportamentais e até no corpo das pessoas, tornando sua
existência e seu poder destrutivo bastante reais.
Existe também uma dificuldade que as pessoas demonstram em
diferenciar depressão de tristeza. A
tristeza é uma emoção, normalmente resultante de uma perda ou rompimento com
algo ou alguém com o que estabelecemos um vínculo emocional. Ou seja, a
tristeza é uma emoção normal, uma reação esperada nesse tipo de caso. A
depressão, porém, se difere de uma tristeza ocasional (por mais prolongada que
seja) por conta de uma série de outros sintomas que descreverei mais adiante.
A esse pacote de sintomas damos o nome de Transtorno
Depressivo e esse transtorno vai variar de acordo com intensidades (leve,
moderada e grave). Nem toda tristeza é depressão, mas toda depressão traz em si
a tristeza como um dos sintomas.
Caso haja interesse, darei continuidade ao tema e até, quem
sabe, criaremos um grupo específico para tratar do assunto, com auxílio médico
e espiritual.
Eu não me deprimi, mas vi de perto o quanto esta enfermidade
pode ser destrutiva, e entendi o quanto a orientação espiritual pode ser
benéfica e um direcionamento correto pode auxiliar a vencer algo tão intangível
para mentes fechadas.
Grata pela reflexão...já enfrentei várias crises, algumas muito graves, outras mais "tranquilas"...minha vigília é constante, pra não recair...tristeza mata, de forma lenta e cruel...autoconhecimento e espiritualidade compõem o caminho da "cura"...
ResponderExcluirPostar um comentário
Comente com amor! Construa, não destrua! Críticas assim serão sempre bem vindas.