Alguns dias se passaram. Estava sentada no meu pequizeiro, esperando o meu jantar. Quando Gertrudes chegou e me disse que Mãe Neném deixara um recado, para que eu fosse ao rancho da neta do Antonio da Silva, o fazendeiro que nos vendera as terras, situado bem no pé da serra, a moça estava para dar a luz e segundo disseram não tinha quem a assistisse. O recado era para que eu fosse mesmo. Eu me assustei e disse que não iria de forma alguma. Nisso minha cabeça rodou e eu, de quando em vez, sentia que estava descendo para o pé da serra rumo ao rancho da parturiente. 

Quando dei fé de mim, estava subindo a serra e Mãe Neném dizendo: “Puxa vida Neiva!, Vovô Indú fez o parto com perfeição e eu cortei o umbigo do menino!” O bendita natureza!, como pode acontecer um fenômeno desses? Quando você esta incorporada, seus olhos estavam fechados e, às vezes, abertos. Foi lindo, lindo. Eu? Sim, você, Neiva. 

Fiquei revoltada sem dizer nada, enquanto o fenômeno era comentado. Na verdade Vovô Indú incorporou em mim e fez o parto, que segundo fiquei sabendo, era normal. Sempre havia fenômenos. Os mentores escolhiam o melhor. 

Certo dia estava diante de Umahan, reclamando de minha vida, quando ele me disse: Neiva, ninguém quer morrer, todos só querem viver até quando possam arrastar a sua vida. Essa tendência é visível, não só no plano individual, como no coletivo. A integridade da vida humana, só pode ser realizada quando uma pessoa se preocupa no serviço do todo, completo.

Existe um céu espiritual, existe outra natureza que está além da manifestação e da não manifestação. Vamos Neiva, preciso, hoje, te levar a prova. Salve Deus! Naquela madrugada fui até Ponta Negra, a minha triste pracinha, onde sempre me encontrava com Amanto. Como longas fitas de muitas cores, recamadas de fios dourados, refletindo mil luzes, pouco a pouco separava os dois planos que eu simultaneamente visualizava. Quanta beleza triste eu sentia. Era a história de vidas humanas etéricas, que se espalhavam por todo aquele Vale, de todos os gêneros. Ali, sim Neiva, me disse alguém. Ali onde descem as trevas da noite, e sorrindo com ternura no olhar ele me ofereceu uma dádiva secreta, e no fundo do meu coração esta dádiva brilha. E assim tudo morrerá e tudo viverá, porque Deus é a natureza. Fechou-se o santuário íntimo da Alta Magia, dádiva esta que somente o alto limite te fará compreender. 

Comecei a viver um terrível contraste. Contando as pessoas os fenômenos de minha viagem, todos dizem: Você que é feliz Neiva! Não era verdade, eu sofria muito. Minha enfermidade piorava dia a dia, como também aumentava os enfermos, os desesperados e as despesas, que eram só minhas. 

Resolvi fazer uma fábrica de farinha e outra de telhas. A de telhas o Raul, meu filho, tomava conta e fabricava tranquilamente telhas coloniais. A farinha eu e a criançada fazíamos. Gilberto com um caminhão puxava a mandioca, que era a matéria prima. Puxava também barro para as telhas. Nas horas vagas fazia fretes. Gertrudes tinha uma pequena pensão. Carmem Lúcia e Vera Lúcia cozinhavam e levavam para as crianças do orfanato. 

Ninguém reclamava; pelo contrário, me davam forças para que continuassem. A sabedoria para ajudar; o amor que inspira a vontade de servir; essas são as tuas qualidades, Neiva. Certamente ninguém deve acalentar desequilíbrio; raciocínio sem aspereza; sentimentos sem preguiça; caridade sem pretensão; conhecimento sem vaidade; cooperação sem exigência; devotamento sem apelo; dignidade sem orgulho e, por fim, o mais importante dessas palavras do seu comportamento, respeito sem bajulice.

 “Ó bendita natureza! Como pode acontecer um fenômeno desses? Quando você estava incorporada, seus olhos estavam fechados e, às vezes abertos. Foi lindo, lindo”.

Eram palavras que não saíam da minha mente. Sim, porque a fé sem conhecimento do bem, não evolui a tua mente, Neiva! De bom grado combina com o canto imortal. 

Meu Deus! Como poderei viver, se as forças me faltarem? Parece que todos estão contra mim? Fui então procurar o Gilberto, Carmem Lúcia, Raul Oscar e Vera Lúcia e lhes disse quase adulando: Meus filhos vamos embora daqui, já não suporto mais. Não mamãe, não podemos sair daqui. 

Pai Seta Branca poderá perder a aposta com Yemanjá! Sim, Pai Seta Branca nos disse que havia uma aposta com Yemanjá, que lhe daria um anel se eu não levasse esta obra até o fim. E nosso amor por Pai Seta Branca sempre foi muito grande. 

Num gemido fiz esta prece, talhando na velha estrada: Senhor, deste-me a palavra por semente de luz. Auxilia-me a falar para que se faça melhor. Não me permita envolvê-la nas sombras que projeto. Ajude-me a lembrar o que deve ser dito. E a levar da memória tudo aquilo, que a tua bondade espera ser dito. Não me deixe emudecer diante da verdade. Onde a irritação me perturba. Induza-me o silêncio, porque ainda dou acesso às chamas da ira. Ajuda-me, também senhor! Que a minha palavra te obedeça a vontade de hoje e sempre. Salve Deus! 

“Neiva”! Ouvi Umahan. Ouviu os teus filhos!, te deram uma lição. Não há consciência sem compromisso, como não existe dignidade sem lei. Vejo que trazes em teu coração o raciocínio sincero, sem aspereza, sem preguiça e sem exigência. Respondi meio confusa; Mãe Neném está exigindo muito. Neiva, não contratastes nem um engenheiro para te garantir do sol que te sustenta, e nem assalarias empregados para a esvação na atmosfera, afim de que renovem o ar que respiras, seja como for, te convenças de que Deus está conosco em todos os caminhos.

Confia, siga, trabalhe e continua. Chega meu Mestre, a minha cabeça é pequena. Isto é o que você pensa! Zele pela tua lâmpada para que as perturbações do caminho não te façam mergulhar nas trevas. O trabalho é a chama que define a vida. A fé é o óleo que sustenta e clareia a estrada, para que se acolham na luz que te cerca. Os casos de dúvidas e dos conflitos nos seres encarnados eram as armas sempre apontadas para mim. Finalmente, o que é a vida senão a ação permanente da força sobre a matéria. Sim, em força a matéria se resume se sintetiza e se define. Sê tu, toda e verdadeira na vida. Tua fé viva, tua lâmpada. 

Ô meu Deus! Como poderei seguir? Como será a minha grande luta? Se os acontecimentos relacionados com a vida reduzem os erros em quem tanto confia. A força matem este Universo, regido por leis comuns, naturais, numa seqüência tão lógica! Por que complicar o processo evolutivo? Ô meu Deus! Como irei explicar ao Doutrinador esta continuação? Eu era toda esta filosofia! Para que ver tantas coisas? Quem me acreditará? A luz da razão, Neiva. Ninguém se nega ao espírito da verdade, ele fala uma língua correta, materializada. Existe um Sol Interior, cujo sol reflete no nosso rosto. É muito equilibrado e ilumina também os nossos rastros. Então as pessoas que vem nos acompanhando vêem claro o nosso caminho? Então as pessoas ficam presas em mim? Não Neiva! Ninguém alcança os teus passos, apenas seguem. Meu Deus! Preferia os meus caminhões. Neiva! Fixe na Doutrina e em suas revelações alternadas. A força agindo em obediência às leis evolutivas utiliza-se da matéria no estado primário desta, e com ela forma corpos e realizam fenômenos incontáveis e indescritíveis, que escapam a apreciação comum, considerados os limitados recursos deste planeta. Neiva, amanhã será outro dia, cuida do que puderes, sem te preocupares, com o futuro dos outros. Nós não temos um futuro definido, porque tudo depende de nós mesmos. Vamos filha, ânimo! O dia de hoje já nos trouxe muitas preocupações, por que nos preocupar com o dia de amanhã? Jesus! Sim, realmente, no outro dia tudo foi diferente. Fui levada a diversas provas, porém já conscientizada pelo meu consolador.

2 Comentários

Comente com amor! Construa, não destrua! Críticas assim serão sempre bem vindas.

  1. Salve Deus, como são maravilhosos os nossos mentores como é maravilhosa a espiritualidade maior. Jaguares queridos temos um rico tesouro escondido la nos planos espirituais, somos os seres mais abençoados desta terra. Salve Deus, senti que tinha falhado na minha missão, pois tive o merecimento de ser orientada por seis pretos velhos da minha missão aqui na terra. E covardemente quis abandonar o barco por que vejo que a minha missão é muito difícil. Acordei de madrugada implorando ajuda aos mentores para que me dessem forças para que nesta encarnação eu pudesse cumprir o que falhei em todas as minha outras encarnações. E abrindo o blog me deparo com este texto, palavras da nossa querida mãe, resposta para a minha indecisão, forças para apagar as palavras que insistem em gritar na minha mente, para desistir, que não vou conseguir. Salve Deus entrega suas aflições e suas dores nas mãos da espiritualidade e tenha certeza a ajuda vem mesmo de encontro a nós. Salve Deus: Ninfa Lua....Tagana em Cristo Jesus

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  2. Salve Deus.Graças a Deus que nossa Mae clarividente continuou firme em sua missão e hoje estamos aqui e vamos vencer em Cristo Jesus com -0-.
    Salve Deus
    Rico somos por termos Jesus,Pai Seta Branca e nossos demais companheiros de luta em favor da humildade.tolerancia e amor.
    Cleide nifa sol ismenia templo mãe

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