Reconhece-se o caráter de um homem pela qualidade de sua fala (ou escrita)”.

*  Publicado em 2010...!!!

Nestes últimos dias tenho recebido emails questionando textos que circulam pela internet com a clara intenção de justificar a situação atual realizando um proselitismo claro a favor de uma das “ditas partes”.

Muitos incitam uma resposta virulenta, ou caem nas malhas das bonitas construções e se dizem divididos sem saber para onde pender.

Não cabe a mim, ou qualquer ou médium justificar A ou B ou mesmo questionar atitudes às quais somente quem as pratica é responsável.

Pai João já me alertou para não me imiscuir nas disputas, por que corro o risco de emitir minhas opiniões e justificativas pessoais, fazendo exatamente aquilo que não concordo que outros façam.

Por tanto, não vou responder às questões desta ordem, não vou cair no mesmo padrão e realizar o proselitismo tão reprovado por nossas entidades. Não podemos acreditar que estamos defendendo a Doutrina quando acusamos um lado, ou dissimuladamente justificamos o outro dizendo que “estes sim estão corretos”, “nós que temos a força”, “nós que temos a herança” e etc.

Quando falamos ou escrevemos sobre Doutrina, não podem existir “lados” a Doutrina é una, se existe alguma separação física, ela não pode povoar nosso Sol Interior, que deverá estar unido no espiritual, independente de qualquer questão física.

Exibir-se com pseudo-sábias palavras bonitas mostrando apenas sua versão é uma transmissão mal-intencionada de informações ou simplesmente: fofoca! Uma das redes mais importantes de preservação e transporte de rancor. Para que se possa compreender este péssimo exemplo, vamos dividir a “fofoca” em três tipos de formas: o ‘repassador de histórias’, a ‘má-língua’ e o caluniador”.

O caluniador é alguém que propaga uma mentira em relação a outra pessoa.

A ‘má-língua’ é a atitude do indivíduo que transmite uma informação verdadeira, porém com a única intenção de difamar.

O ‘repassador de histórias’ repete de forma falsamente involuntária informações comprometedoras, sempre com interesses escusos.

Se pudéssemos graduar estes níveis de manipulação de informação, encontraríamos uma situação inversa à que pareceria óbvia: a mais nociva das fofocas é justamente o ‘repasse de histórias’, seguido da ‘má-língua’ e por último da calúnia.

Tanto na calúnia como na má-língua, há o desejo de se difamar quem ‘merece ser difamado’; alimentam-se da justificativa de que não se podem deixar passar a oportunidade de denunciar aqueles que agem erroneamente. São, portanto, do ponto de vista da conservação do ódio, instrumentos muito parecidos.

À primeira vista, o fato de o caluniador estar mentindo definiria seu crime como sendo de maior gravidade, mas não é assim. É evidente que o caluniador é responsável pelos danos e conseqüências de seus atos, no que se refere a propagar uma mentira, mas a destrutividade de sua malícia é menor que a de uma má-língua.

O caluniador está na categoria de nada. Isto porque, sendo desmascarada sua mentira, a reputação do caluniado é restaurada imediatamente.

A má-língua é um instrumento que agrava uma intriga, sofisticando sua malícia. Em relação ao repassador de histórias, assume a posição de tolo, pois seu desejo de difamar é neutralizável por qualquer um que tenha um mínimo de senso crítico, e consiga questionar quais os interesses que teriam levado alguém a relatar tais fatos a outras pessoas.

O repassador de histórias é o nosso grande vilão.

Sua natureza enquadra-se na dimensão do perverso.

Com falsa imparcialidade, dissimula seus interesses. Passa adiante fatos que deixa para seus ouvintes julgarem.

Porém, a conveniência de repassar a informação num dado momento, e de uma determinada forma, contém elementos muito propícios para a manutenção de ódios e rixas.

Desta maneira, o repassador de histórias deixa de ser suspeito de possuir qualquer interesse em relação à informação.

Este elemento subliminar faz com que o ouvinte da fofoca assimile a informação infectada com rancor e acredite, depois de decodificá-la, que é seu o julgamento que, na verdade, já estava embutido na informação.

O repassador de histórias representa a mais nociva e endêmica forma de transporte e preservação de rancor, pois é praticada pela grande maioria das pessoas que, certamente, desconhecem seu poder destrutivo.

A fofoca também depende daquele que se presta a ouvi-la.

“Saiba que aquele que escuta uma afirmação maldosa é tão perverso quanto aquele que a transmite. O simples fato de se dar atenção permite àqueles que estão próximos pensar: ‘fulano ouviu o que lhe dizem e concordou, portanto, o que dizem deve ser verdadeiro’. “

A propagação da fofoca depende da disponibilidade dos ouvintes para perpetuar os processos de rancor e ódio. Todos, uns mais, outros menos, fazemos parte desta rede informal, cujos custos à paz mundial são incalculáveis.

Romper com esta rede requer sabedoria e disciplina. Deve-se perceber que sua eficácia está nas artimanhas com que desvia energia de nosso discurso e comportamento, logrando-nos constantemente. Somos então feitos receptáculos do rancor.

O embuste da intriga não está na essência do que é dito, mas na forma como é transmitida. Por isso, tanto a lisonja como o elogio podem conter tanto veneno quanto a blasfêmia.

A adulação é uma incitação à inveja. Tanto aqueles que o ouvem, quanto o que o expressa, sentem-se seduzidos pelo desejo de diminuir aquele a quem se destina a lisonja. Através do louvor, pode-se abrir caminho à malícia.

Termino este texto exatamente como comecei: “Reconhece-se o caráter de um homem pela qualidade de sua fala (ou escrita)”.

Kazagrande

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